segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Crônicas “Delas Duas”

Introdução

Tenda Vermelha

Nossas heroínas são duas mulheres em diferentes etapas da vida
e que trilharam diferentes Caminhos.
Construíram suas vidas baseadas em suas crenças e heranças.
É nesse ponto que elas convergem,
pois pertencem à mesma linhagem de Ancestrais e são herdeiras
de muitos talentos e mistérios.
Elas descendem das mulheres da Tenda Vermelha.

A Tenda Vermelha era o lugar onde as mulheres pré-árabes
viviam os seus Ciclos Femininos.
Era o lugar para o qual as mulheres se retiravam do mundo exterior nos momentos de menarca (quando a Lua lhes estava no sangue),
ali davam à luz os seus filhos, ali passavam pela menopausa.

No interior da Tenda Vermelha elas preparavam os remédios para a tribo,
cuidavam umas das outras, partilhavam tratamentos essenciais e de beleza,
histórias e experiências.
Ali discutiam sobre a educação dos filhos e as relações amorosas,
vivendo em conjunto, rituais, alegrias, mágoas e preces.
Na Tenda cresciam, transformando-se, envelhecendo, experimentando
o Sagrado Feminino.
A Tenda era o local que as mulheres elegiam para a vivência da sua intimidade,
num Círculo Feminino.

A Tenda Vermelha foi a guardiã da memória da vivência Tribal Feminina,
e também do nomadismo, das tribos viajantes do Saara,
dos povos ciganos em constante migração, transformando a Tenda em Caravana.

Elas Duas são herdeiras dessa Memória do Feminino das culturas do Médio Oriente, em toda a sua diversidade (Norte de África, Marrocos, Egito, Turquia),
e das expressões que os povos ciganos trouxeram até à Europa
(Bálcãs, Espanha, Leste da Europa).
Do folclore secular às danças tribais berberes,
das camponesas do Egito ao giro de inspiração Sufi, da Turquia,
das místicas danças de Espada aos Véus,
e dos Véus aos Xales ciganos, às flores exultantes dos Bálcãs,
e ao Flamenco – Árabe, da Dança clássica Oriental
a fusões criativas de expressão contemporânea.

Elas Duas vivenciaram e ainda vivenciam a sempre cambiante experiência
de ser Mulher,
de ter o sangue no ritmo das Luas e marés,
unindo em si mesmas todas as culturas numa dança feminina,
cíclica e fértil como as estações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário